O Brasil comemora em 9 de junho o Dia Nacional da Imunização. Graças ao esforço de cientistas visionários que dedicaram suas vidas a conduzir ações de imunização é que podemos comemorar a erradicação da varíola e a eliminação em quase todo o mundo de doenças terríveis, como a poliomielite. No campo da humanização, as vacinas ocupam um dos maiores avanços em saúde já conquistados pelo homem. Com exceção da água potável, nenhuma outra modalidade (nem mesmo os antibióticos) teve tanto resultado na redução da mortalidade e no crescimento populacional.

A data serve também como um alerta constante para os desafios da saúde pública brasileira e um indicador da longa jornada que ainda precisa-se percorrer na eliminação de doenças previníveis por vacinação.

Com 35 anos de trabalho na assistência, a gestora administrativa do Hospital Santa Casa, enfermeira Thaís Aramburu destaca a importância da vacinação. A imunização é necessária, especialmente nas crianças porque nessa fase elas estão formando os anticorpos e em idosos, pois as defesas do organismo diminuem nessa fase da vida. Mas não somente nestas fases da vida”, destaca ela. “As vacinas agem para produzir uma proteção comparável à natural, mas com a vantagem de não trazerem o risco da doença e suas complicações”, completa.

Adultos

Tão corriqueiro para crianças, as vacinas acabam se tornando esporádicas na fase adulta. No entanto, mesmo que desenvolvamos imunidade ao longo da vida, a suscetibilidade a determinadas doenças permanece e para evitar, há a necessidade de tomar algumas vacinas, que fornecem novos anticorpos que o organismo por si só não produz.

O adulto que tomou todas as vacinas disponibilizadas pelo programa de vacinação desde a infância, aos 30 anos de idade já está protegido contra as formas mais graves de tuberculose, poliomielite, tétano, difteria, coqueluche e sarampo, hepatite B, rotavírus, meningite por hemófilos, doença pneumocócica invasiva causada pelo meningococo C, rubéola e parotidite viral, entre outras.

Imunização

A imunização ativa ocorre através das vacinas ou contraindo uma doença, fazendo com que o próprio sistema imune do indivíduo produza anticorpos, durando por anos, até mesmo toda a vida. Já a imunização passiva, que pode ser natural ou artificial, tem um período menor, durando apenas semanas ou meses.

A natural acontece ainda na gestação, quando a mãe passa anticorpos ao feto através da placenta e, após o nascimento, pelo leite materno, conferindo imunidade à criança durante o primeiro ano de vida. Já a artificial se dá de três formas principais: a imunoglobulina humana combinada, a imunoglobulina humana hiperimune e o soro heterólogo.

A transfusão de sangue é outra forma de se adquirir imunidade passiva, já que, virtualmente, todos os tipos de produtos sanguíneos – como plasma, hemácias, plaquetas, etc – contêm anticorpos. Além dessas formas de imunização, é importante manter uma vida saudável, aliando uma correta alimentação com prática de exercícios físicos.

O calendário básico de vacinação inicia-se logo após o nascimento, e segue, aproximadamente, até os seis anos de idade. A partir daí, são recomendados reforços a cada 10 anos.

Alguns dados

Neste ano, 4,2 milhões de crianças e gestantes não foram vacinadas contra a gripe, embora durante quase toda a campanha da Vacinação do Ministério da Saúde tenha ressaltado a importância do imunizante, priorizando estes dois públicos como população-alvo da campanha. Desde 3 de março as doses remanescentes da Campanha da Vacinação contra a Gripe, promovida pelo governo federal, foram estendidas para toda a população, mesmo para pessoas fora do público prioritário da Campanha.

Desde 1973, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde – responsável pela administração do Calendário Nacional de Vacinação, que inclui orientações para crianças, adolescentes, adultos e idosos – vacina gratuitamente com todas as vacinas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Todas as vacinas disponibilizadas no País são consideradas seguras e eficazes

Em 1977, o primeiro Calendário Nacional de Vacinação trazia como obrigatórias quatro vacinas no primeiro ano de vida: a Bacilo Calmette Guerin (BCG), contra tuberculose; a vacina oral poliomielite (VOP); a vacina Difteria, Tétano e Coqueluche (DTP); e a vacina contra sarampo.

Atualmente, o Brasil possui sete vacinas infantis com cobertura abaixo da meta: meningite, tuberculose, hepatite A, pneumonia, difteria, tétano, coqueluche (pentavalente), Sarampo, Caxumba e Rubéola (tríplice viral), rotavírus e poliomielite.

Atualmente, o PNI disponibiliza 16 vacinas de forma gratuita à população como: BCG (para prevenção da tuberculose em crianças); HPV (vírus do papiloma humano); Pneumocócica, (contra a infecção por pneumococo que causa meningite, pneumonia e infecção de ouvido – otite); Febre Amarela; VIP/VOP (vacina inativada e vacina oral contra poliomielite – paralisia infantil); Hepatite B; Penta (vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis (coqueluche), Hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b (conjugada)); Rotavírus; Hepatite A; Tetra viral (varicela (catapora), sarampo, caxumba e rubéola); Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola); Dupla adulto (difteria e tétano); e dTpa (difteria, tétano e pertussis – coqueluche), Meningite C (conjugada).

Apesar das campanhas nacionais e dos calendários de vacinação das Sociedades Médicas e do Programa Nacional deImunização (PNI), muitos só atentam para a vacinação de si mesmos e de seus filhos em momentos de surto, como, por exemplo, coqueluche, difteria e meningite, que tiveram recentes casos relatados e vêm alarmando a população.

Referência mundial

O Brasil é referência mundial na produção de vacinas e na abrangência do calendário vacinal. A produção de vacinas combinadas, por exemplo, depende de extensivas pesquisas e consideráveis investimentos, para garantir a compatibilidade entre os antígenos da formulação, imunogenicidade e uma reatogenicidade aceitável.Elas apresentam muitos benefícios para as crianças e pais - menos injeções e menor número de visitas às clínicas. Além disso, para os profissionais de saúde há uma maior adesão às campanhas, uma melhor logística e economia de recursos. Já para a comunidade significa redução da carga de doença e custos para o sistema de saúde.

Texto: Gabriela Barcellos/HSCU
Com informações do Ministério da Saúde e Casa da Vacina GSK.

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