‘Doação de Órgãos – diagnóstico atual, importância e dificuldades’, essa foi a palestra que levou mais de cem pessoas à Biblioteca Municipal Luiz Guilherme do Prado Veppo no início da noite de terça-feira, 25/9. O evento foi realizado pelo Hospital Santa Casa de Uruguaiana, integrando a programação da campanha ‘Setembro Verde’, e teve o apoio da Prefeitura Municipal.

O tema foi abordado pelo médico pneumologista Luiz Fernando Ximenes Cibin, responsável técnico pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) da Santa Casa.

Na palestra, Cibin apresentou o trabalho realizado pela Cihdott na Santa Casa, que consciente da captação de órgãos de doadores cadáveres, ou seja, pacientes que sofrem morte encefálica. Esclareceu quais os órgãos e tecidos que podem ser doados: coração, pulmão, rim, fígado, pâncreas, córneas, medula óssea, osso e pele. E quem é indicado a receber órgãos, como portadores de cardiomiopatias graves, doenças pulmonares crônicas, portadores de insuficiência renal crônica, portadores de cirrose hepática por hepatite, álcool e outras causas, diabéticos que tomam insulina quando estão com doença renal associada, portadores de leucemia, pacientes com perda óssea por tumores, entre outros.

O médico também apresentou um panorama estatístico acerca do quadro atual do Rio Grande do Sul. De acordo com ele, vem se mantendo uma média de mil pacientes à espera de um rim, 80 à espera de um pulmão, 130 à espera de um fígado. Em média 180 pessoas aguardam um transplante de medula óssea.

O número de doações no estado está bem aquém da necessidade. Os meses de junho e julho registraram 28 doações efetivas cada um e, em maio, foram 15 doações. Em Uruguaiana, desde que a comissão foi instalada, em 2014, houve 15 protocolos de doação que resultaram em captação de órgãos, tendo sido captados 28 órgãos.

Cibin explicou sobre a definição de morte encefálica e como é feito o diagnóstico

“Perda completa e irreversível das funções encefálicas, de causa conhecida, caracterizada por coma não perceptivo, ausência de reatividade supraespinhal e apneia persistente, excluídos fatores tratáveis que possam confundir o diagnóstico”. Ele explicou os pré-requisitos e as contraindicações à abertura do protocolo de morte encefálica, quem são os médicos aptos a realização do protocolo e como funciona o diagnóstico.

Negativa familiar

Cibin explicou que atualmente, de acordo com a Central de Transplante do Estado do Rio Grande do Sul, 40% dos protocolos são encerrados diante da negativa familiar para doação. Ele explica que, a decisão de doar os órgãos cabe à família e que a negativa se dá, essencialmente por conta de má informação sobre o tema, medo (especialmente de questões como venda/tráfico de órgãos), insegurança, mitos e questões culturais. “Já tivemos também casos de familiares que estavam há semanas no hospital, acompanhando o paciente que era de outra cidade, e no fim, quando o quadro evoluiu para a morte encefálica, o desgaste emocional dessa família era tão grande que só queriam retornar para casa, fazer o funeral do ente querido falecido”, disse.

Como ser doador

Finalmente, Cibin destacou que atualmente são poucas as contraindicações absolutas para doação: tumores malignos, com exceção dos carcinomas basocelulares da pele, carcinoma in situ do colo uterino e tumores primitivos do sistema nervoso central; sorologia positiva para HIV ou para HTLV I e II; sepse ativa e não controlada; e tuberculose em atividade.

Ele explicou que para tornar-se um doador basta que a pessoa converse com a família, e manifeste este interesse. “Não é um conversa que costumamos ter em casa, mas que é importante. Cabe aos familiares autorizarem a doação, então eles precisam saber dessa vontade”, diz ele.

Ao final da palestra, os presentes puderam tirar dúvidas e colher informações não somente com o médico, mas também com os demais membros da Cihdott, presentes no evento.

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